Resenha: A Revolução dos Bichos

Resenha: A Revolução dos Bichos

Por George Orwell.

Meus caros amigos leitores, que livro! Mais uma vez, repito: que livro! Com toda a certeza, "A Revolução dos Bichos" e "1984" foram alguns dos melhores livros que li nos últimos dois anos.

Prometo que vou tentar não entregar o enredo de bandeja, mas não posso jurar de dedinho, afinal, esta é uma sátira política que merece ser compartilhada por todo o mundo.

Se você ainda não conhece George Orwell, recomendo dar um Google e conferir sua grandiosa habilidade de escrever além de seu tempo. As obras que mencionei foram escritas há muito tempo, mas quando você se depara com a história, chega a pensar que é um lançamento atual. Mas vamos ao que interessa: a incrível história de uma fazenda que é tomada por animais idealistas.

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Logo de início, conhecemos o cenário onde todo o enredo acontece: a bela Fazenda Solar do Sr. e Sra. Jones. Porcos, cavalos, pintinhos, um burro mal-humorado e cachorrinhos são alguns dos animais que habitam esse lugar e que, após o Sr. Jones se retirar para seu merecido repouso, começam a tagarelar.

O cabeça das reuniões noturnas é o velho porco Major, que já está com um pezinho na cova e um belo dia, convoca todos os os animais para um comunicado importante. Major teve um sonho e precisava compartilhar com os animais da fazenda. Todos o respeitavam e prontamente, no horário marcado, estavam a postos para ouvir atenciosamente o que o velho porco tinha a dizer

“Camaradas, vocês já ouviram sobre o sonho estranho que tive ontem a noite. Mas do sonho eu vou falar daqui a pouco. Antes, tem outra coisa que quero dizer.”

Major apresentou aos seus companheiros um discurso muito elaborado sobre a vida miserável dos animais, que beirava a escravidão. Argumentou que eles próprios poderiam gerir aquela fazenda e que o Homem era o único inimigo que precisava ser tirado de cena. Segundo a perspectiva de Major, o homem é a única criatura que consome sem produzir.

“Portanto, camaradas, não está claro e cristalino que todos os males desta nossa vida nascem da tirania dos seres humanos? Basta nos livrarmos do Homem e o produto do nosso trabalho poderia ser todo nosso.”

Major fez um longo discurso seguido de uma canção de sua infância, uma música que falava sobre a liberdade dos animais, intitulada “Animais da Inglaterra”. Em poucos minutos, todos os animais estavam cantarolando em um coro uníssono e vibrante, repetindo a canção cinco vezes, o que fez o Sr. Jones acordar e disparar no escuro, fazendo com que todos os animais se apressassem a voltar para seus respectivos lugares, e logo a fazenda estava silenciosa.

Três noites depois, o velho Major faleceu, dormindo um sono tranquilo. Mas aquela noite memorável não foi esquecida pelos bichos mais inteligentes. Era início de Março, e alguns porcos estavam a tramar uma reunião com todos os animais, para falar a respeito das ideias revolucionárias apresentadas por Major. Snowball, Napoleon e Squealer os três porcos espertos, transformaram o discurso de Major em um sistema de pensamento completo chamado, Animalismo.

Foram muitas reuniões noturnas apresentando os princípios do Animalismo para os demais animais. Houve resistência de alguns, ignorância de outros e também medo e insegurança. Os três porcos queriam colocar em prática a tal Revolução e expulsar o Sr. Jones do comando da Fazenda Solar.

Os discípulos mais fiéis eram os cavalos, Boxer e Clover. Clover era uma égua robusta, enquanto Boxer era um animal enorme, com força equivalente à de dois cavalos juntos. Embora tivesse uma aparência singela, era fiel ao trabalho e firme em caráter, embora não fosse muito inteligente.

Napoleon e Snowball, os líderes da Revolução, convenceram os animais da fazenda a expulsar os humanos e, numa despretensiosa noite de julho, a Revolução foi executada com sucesso. Os animais celebraram a vitória e fizeram uma fogueira para se desfazer de todos os pertences que lembravam os humanos. Chicotes, rédeas, sacos de forragem, cabrestos, todos foram lançados ao fogo.

Snowball foi mais enfático e atirou os acessórios que eram usados nos animais que iam para exposição, como as lindas fitas de cetim que Mollie, a égua branca, usava.

“Fitas - ele disse - devem ser consideradas roupas, que são uma das marcas do ser humano. Todos os animais devem andar nus.”

A Fazenda Solar passou a se chamar “Fazenda dos Animais” e, após alguns estudos, os líderes da Revolução definiram os Sete Mandamentos do Animalismo:

1. O que anda em duas pernas é inimigo.
2. O que anda em quatro pernas, ou tem asas, é amigo.
3. Nenhum animal deve usar roupa.
4. Nenhum animal deve dormir em cama.
5. Nenhum animal deve beber álcool.
6. Nenhum animal deve matar outro animal.
7. Todos os animais são iguais.

Todos concordaram com os princípios do Animalismo e os animais mais inteligentes logo passaram a decorar os Sete Mandamentos.

O Sr. Jones havia partido, mas uma imensa fazenda precisava ser cuidada, e era chegada a hora da colheita do feno. Rapidamente, Napoleon assumiu as demandas e direcionou as tarefas de cada animal. A partir dessa liderança, começamos a perceber que, logo nas primeiras ordens, algumas atitudes não condiziam com os Sete Mandamentos.

É meus caros leitores, enganam-se aqueles que pensaram que o Animalismo seria um sonho para os animais.

Colher todo aquele feno foi cansativo; eles estavam esbaforidos e suados. Afinal, muitos dos maquinários agrícolas foram feitos para serem manuseados por humanos, não por animais. Mas lembrem-se de que era proibido ficar apoiado nas patas traseiras, portanto, todos tiveram que se adaptar para fazer a colheita.

Enquanto alguns trabalhavam demais, os porcos não se envolviam diretamente nas tarefas, pois dirigiam e supervisionavam os outros, aproveitando seu conhecimento superior que os levou a se tornarem líderes.

Boxer, o grande cavalo, era fiel ao Animalismo. Ele sempre honrou seu trabalho na época do Sr. Jones, mas agora, dedicava-se à causa da Revolução com a força de três cavalos. Fez um acordo com um dos galos para que o acordasse mais cedo para trabalhar e era um dos últimos a largar o trabalho árduo.

Nos domingos, não havia trabalho e ocorria uma cerimônia que era respeitada todas as semanas. A bandeira do Animalismo era hasteada para uma assembleia geral no grande celeiro. Como de costume, os porcos lideravam a reunião, informando as demandas para a semana. Apresentavam também algumas propostas para votação, mas como os animais não conseguiam pensar por si mesmos, Snowball e Napoleon decidiam por eles. A reunião sempre terminava com o hino oficial da causa, “Animais da Inglaterra”, a música deixada pelo Velho Major.

Os porcos tentaram estabelecer alguns comitês, mas as propostas foram um fracasso, exceto pelas aulas de leitura e escrita, que foram um sucesso estrondoso. Os cachorros liam muito bem, Clover aprendeu o alfabeto inteiro, mas não conseguia formular palavras. A cabra Muriel conseguia ler um pouco melhor e até se arriscou a ler alguns fragmentos de jornais, mas Boxer não conseguia progredir além da letra D.

Com a incapacidade de alguns animais de memorizar os Sete Mandamentos, Snowball achou por bem reduzir tudo a uma única máxima: “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”, pois ele acreditava que este era o princípio essencial do Animalismo.

Os dias foram passando e os porcos começaram a retirar algumas coisas que faziam parte da rotina de seus "camaradas". Frutas colhidas, leite, sala exclusiva; os porcos estavam cada vez mais desfrutando do poder e da administração da fazenda.

“Camaradas - ele gritou. - Vocês não pensam, espero, que nós, porcos, estamos fazendo isso em um espírito de egoísmo e privilégio! Muito de nós nem gostam de leite e maçã. Eu mesmo não gosto. Nosso único objetivo ao pegar esses itens é preservar a nossa saúde. Leite e maçã (e isso foi provado pela Ciência, camaradas) contém substâncias absolutamente necessárias ao bem-estar de um porco."

Aos poucos, a essência da Revolução foi se perdendo, sendo moldada sempre em favor dos porcos, que se apropriavam dos privilégios, vantagens e da exploração "braçal" de seus camaradas.


O autor, George Orwell, continua a desvendar essa trama envolvente de forma simplesmente magnífica, conduzindo o leitor a desejar mergulhar dentro do livro e participar ativamente de cada cena.

Uma sátira política, uma história que reflete o processo e os resultados da tirania e do totalitarismo, uma obra que transcende o tempo e alcança todas as idades, "A Revolução dos Bichos" é uma leitura mais que obrigatória para a nossa jornada de vida.

Como mencionei no início desta resenha, meu desejo era contar toda a história, mas assim não teria graça. Minha esperança é que você possa ler, aprender, participar da história e se emocionar tanto quanto eu.

Fica a dica e boa leitura!


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