Resenha: Will
Por Will Smith.
Will Smith é inegavelmente uma “Lenda” do entretenimento e uma figura amada por todos. No dia 28 de março deste ano, atingiu o ápice de sua carreira ao sagrar-se vencedor do Oscar de melhor ator com o personagem King Richards em filme homônimo.
Infelizmente a cerimônia também foi marcada pela sua altercação com o comediante Chris Rock. Will acaba agindo como um “Bad Boy” e acerta-o com um tapa no rosto após o comediante fazer uma piada de mal gosto com sua esposa.
Lembramos que não estamos aqui para julgar ninguém, e sim para falarmos de livros e indicarmos leituras interessantes. Dito isto, falamos sobre seu “memoir” que, em minha opinião, é uma das autobiografias mais bem escritas e interessantes publicada nos últimos tempos.
Uma das grandes curiosidades contadas no livro e que talvez você não saiba, é que Will Smith, vencedor do Oscar de melhor ator em 2022 e anteriormente indicado duas vezes para o mesmo prêmio, vencedor de quatro Grammy's e o detentor do maior recorde de bilheterias em sequência, são oito estreias consecutivas em primeiro lugar, começou sua carreira artística na MÚSICA, isso mesmo! Confira mais no livro, ou no youtube se quiser.
Em sua autobiografia, Will traz relatos duríssimos de violência doméstica, problemas de aceitação na infância e a criação que teve por um pai rígido e militarista e uma mãe forte e resiliente. No início da leitura, somos apresentados ao caso do “Muro”. A família Smith possuía uma oficina com um muro avariado e certo dia o pai de Will resolve derrubá-lo e achou uma boa ideia que seus filhos o reconstruíssem. Na época, as crianças detestaram a tarefa, achavam aquilo passivo de abuso infantil, além de ser uma missão impossível. Porém, veio desta empreitada o aprendizado sobre trabalho duro, dedicação e constância.
“Parem de pensar no raio do muro! Não existe muro nenhum, só tijolos. A vossa função é assentar este tijolo direitinho. E depois passar ao próximo tijolo. E assentá-lo direitinho. E depois o tijolo seguinte. Não se preocupem com o muro. Preocupem-se com um tijolo de cada vez”. Dizia o pai para as crianças:
Desta missão do muro, Will aprendeu uma das maiores lições de sua vida. Não pensar somente no todo, no resultado final, mas sim, pensar no passo a passo, tijolo por tijolo. Definir metas a curto prazo e valorizar suas pequenas conquistas para que no final possa contemplar um “muro erguido”.
Ao submergirmos em sua mente, conseguimos perceber uma estrela determinada que quando em missão, só conhece dois finais possíveis. Ou atinge o objetivo e conclui a missão com êxito, ou volta para casa em um caixão. Palavras fortes e inesperadas quando associadas a Will Smith, o eterno "Príncipe de Bel-Air". Este pensamento é mais uma herança herdada de seu pai militarista e abusivo.
Daddy-O, como Will chamava o pai, fora um homem muito rígido e embora muito correto em seus valores, criou a família Smith para sempre submeter-se à sua liderança e guiamento. Pois, como já dizia, “ Se dois mandam em uma batalha, todos morrem”. Ordem e disciplina sempre foram a base de sua educação.
Will Smith presenciou diversas vezes agressões de seu pai a sua mãe. E, diferentemente de seus irmãos, o caçula Harry e sua irmã mais velha Ellen, nunca se opôs ou confrontou Daddy-O, achava que se ignorasse o fato, estaria evitando que o caos continuasse. No fundo sentia-se um covarde. A partir desta violência doméstica e de seu sentimento de covardia, Will cria um personagem na expectativa de suprir a necessidade de todos, o “Tio Fluffy”. Ao incorporar essa personalidade permissiva e submissa, Will atuava em busca da aceitação de todos, privando-se de vontades próprias, pois, tinha a noção que quando entretinha seu pai, todos ficavam bem. E dali nasce uma estrela.
Após presenciar a mãe apanhar até perder a consciência e não fazer nada, faz uma promessa a si próprio de se tornar o Homem de sua casa, ser seu próprio comandante, para que coisas desse tipo nunca mais voltassem a acontecer. E como havia aprendido, quando tinha uma missão, o fim só poderia ser dois, ou cumprir a missão, ou morrer tentando.
Will era um jovem negro de classe média, possuía pais presentes e ligados na sua educação e criação. Esses fatos,que eram pouco comum aos jovens negros, causavam-lhe uma exclusão, porque além disso, estudava em uma escola particular de alunos predominantemente brancos. O fato de estar sempre “atuando” e sendo engraçado, abre-lhe portas em ambas esferas, tanto em sua escola de “brancos”, onde contava piadas mais engraçadas e bobinhas, como com seus amigos negros do bairro, onde fazia piadas mais agressivas e debochadas. O ator transita em diferentes meios em busca de aceitação.
Will desenvolve habilidades únicas de interpretação e jogo de palavras, pois sempre estava estudando e testando suas piadas com diferentes grupos de pessoas. Com influência de um primo de Nova Iorque, conhece a cena Hip-Hop, o fenômeno do momento, e logo se torna um exímio MC. Ao longo de seus shows, conhece um DJ também fenomenal, DJ Jazzy Jeffy e juntos despontam na cena da música, onde ganha a alcunha de Fresh Prince. Nesse momento de sua vida, Will tem seu primeiro grande confronto com sua mãe, que exigia que o filho colocasse todas as energias nos estudos para ter a possibilidade de entrar em uma Universidade qualificada e ter melhores possibilidades no futuro. Nessa ocasião, Daddy-O deu suporte à Will e deu-lhe o prazo de 1 ano para seguir seu sonho, caso falhasse, voltava a estudar. Não foi o caso, em pouco mais de alguns meses, Fresh Prince e DJ Jazzy Jeffy já estavam tocando nas rádios de sua cidade. Assinam então contrato com uma gravadora nova, são indicados para o Grammy e o vencem, tornando-se os primeiros vencedores da categoria Hip-Hop da história.
Fama e sucesso são alcançados, Fresh Prince e DJ Jazzy Jeffy são um fenômeno mundial, disparam na Billboard 200. Will alcança tudo isso no auge de seus 20 e poucos anos. Porém desilusões amorosas e desentendimentos no trabalho, os levam a conhecer pela primeira vez o fracasso.
No fundo do poço e ao quase estar envolvido em uma investigação do FBI por andar em companhia de um famoso traficante da Filadélfia, Will se vê obrigado a mudar para Los Angeles, onde conhece sua nova namorada. Tanya era uma moça articulada e com bons contatos, o que serve como incentivo certo para Smith figurar de vez no mundo do entretenimento.
Com mediação de um agente, Will conhece Quincy Jones, a quem chamava de Alquimista, que após audição, o escolhe para o papel do Príncipe de Bel-Air, e o resto você já sabe. Seis temporadas de sucesso absoluto, o que impulsiona sua carreira para as telas do cinema, onde aplaca sucesso atrás de sucesso e uma sequência incrível de recordes de bilheterias.
Will demonstra um enorme desejo de vencer e expõe-nos o segredo de seu sucesso, a pirâmide: Amor, educação e dedicação. Tem o foco total em sua carreira e desempenho, o que o mantém no topo por muito tempo.Todavia, Will vê-se gradativamente afastado de sua família, seus filhos inclusive amotinam-se contra ele, sua filha caçula chega a raspar a cabeça para chamar sua atenção.
Will Smith acaba cegado por sua obstinação, tornando-se um controlador, pois se dois mandam, todos morrem. Cobra o mesmo desempenho de sua família e acaba trazendo frustrações a seus filhos. Tem um rompimento com Jaden, o seu filho do meio, após um fracasso de bilheteria em um filme de sua produção que estrelaram juntos.Depois de sua filha de 10 anos encerrar uma turnê internacional com Justin Bieber e querer encerrar sua carreira musical, ele exige que ela honrasse seu compromisso com a gravadora,o que gera um trauma para família.
Will percebe que seu feitio inflexível e incansável, que outrora o levara a alcançar o sucesso, agora estava-o privando de ser sensível às pessoas. Sentimentos eram para os fracos. Por fim, acaba rendendo-se à família, reaprendendo a viver sem estar sempre em seu personagem, deixando de querer agradar a tudo e todos para começar a fazer coisas que sempre teve vontade de experimentar.
Em sua autobiografia, Will Smith nos ensina que muitas coisas, como por exemplo no episódio do muro que Daddy-O obriga-o a construir, de que o olhar para nossas vidas, metas e objetivos, são questões de perspectiva. Quando olhamos a tarefa como um todo, parece-nos impossível de realizarmos, porém ao olharmos um tijolo de cada vez, vemos o quão possível é cumprirmos nossa missão, assentando um tijolo de cada vez até finalizarmos o muro.
Podemos também usar seu exemplo de dedicação e obstinação. É sempre muito importante sermos muito organizados e nos dedicarmos para podermos ter um bom desempenho em nossas atividades diárias, e ou, profissionais, cumprindo nossos objetivos com excelência. Mas lembrando de não abrirmos mão de nossos desejos também.
Will é uma leitura convidativa, sútil e empolgante. Indico fortemente. Você vai perder-se e encontrar-se diversas vezes na figura de Will Smith. Verás que a verdadeira “Busca pela Felicidade” deriva de seu desempenho em três pilares, amor, dedicação e disciplina. E, que não podemos apenas focar em agradar os outros para sermos aceitos e evitar conflitos, mas sim devemos valorizar nossos sistemas de desejos e vontades também. Ou, você poderá ter um entendimento totalmente diferente do meu, afinal, como Will nos ensina, tudo é uma questão de perspectiva.
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