Resenha: Diário de uma ansiosa ou como parei de me sabotar
Por Beth Evans.
Talvez você nunca tenha ouvido falar deste livro, mas só de ler esse título comprido já bateu aquela curiosidade, não é mesmo?! Não lembro como cheguei até ele. Não foi indicação, não vi nenhuma resenha, muito menos li o resumo na descrição da Amazon. Li a palavra "ansiosa" e, quando vi, já tinha comprado. O ano era 2021, ainda estávamos em pandemia e obviamente, foi numa fase da minha vida em que a ansiedade estava a mil, e esse título com ar de "dúvida" me lembrou de mim mesma, uma pessoa que sofre pra decidir o lugar que vai sair pra comer.
E que livro necessário! Como eu gostaria que todos pudessem ler... Ele não traz "os sete passos para vencer a ansiedade", "técnicas para não ficar ansioso", ou qualquer lista de dicas para vencer este mal que tanto nos assola.
Este livro é uma pausa na correria da vida. Você se sente comum, um ser humano de carne e osso, vulnerável, que descobre que outras pessoas passam pela mesma coisa que você.
Okay, já sabemos que todo mundo carrega o acessório "ansiedade". Mas Beth Evans conta sua história da forma mais despretensiosa possível, te fazendo rir ao ponto de gargalhar e chorar feito um adolescente de coração partido, permitindo que você quebre essa armadura de "que está tudo bem" quando, na verdade, não está. Você está doente e precisa de cuidado.
Além de escritora, Beth também é ilustradora, o que faz com que sua abordagem sobre esta temática seja mais leve e acolhedora, levando o leitor a se sentir representado sem julgamentos. Mas vamos aos detalhes do livro, porque, creio eu, ele já te fisgou!
Não é uma história completa da vida, até porque Beth está viva e continua lidando com a ansiedade. A autora traça uma espécie de linha do tempo de sua jornada, da adolescência até o início da fase adulta, citando ocasiões do cotidiano que eram gatilhos para uma crise.
Em momento algum ela traz conceitos científicos ou filosóficos para embasar alguma teoria. São testemunhos de uma jovem que passou por situações tão embaraçosas quanto nós, ou até mesmo, ocasiões que nos despertam gatilhos de desespero ou comparação, como, por exemplo, entrar na espiral de procurar gente que você conhecia antigamente.
“Pra quem não sabe, ter um ataque de ansiedade é como ser empurrado de um prédio, mas sem poder gritar. É uma onda silenciosa durante a qual seu corpo decide o que vai acontecer e toda a lógica deixa de importar. O pior é que às vezes isso se passa em público. Aí você não só precisa descobrir como cuidar de si mesmo, mas também de tentar não assustar todo mundo em volta”. (Pág. 50)
Sim, meus caros, a vida adulta é complicada, cansativa e difícil. Enquanto você ainda está tentando descobrir para que veio ao mundo e qual é seu propósito, seus amigos da época da escola já estão sendo pais, no segundo casamento, ou aquele mala do fundão se tornou CEO de uma grande multinacional. Talvez você se culpe por estar de novo passando por crises de ansiedade ou tomando remédio para depressão. Parece que nunca vai passar, não é mesmo?!
Hey, deixe Beth e eu te contarmos que: está tudo bem, já passamos por isso também, e você não é o único a se sentir assim. No primeiro capítulo, você já começa com a temática de “todo mundo está tão melhor que eu,” onde na fase adulta, o antro da comparação é o LinkedIn.
“Como assim fulano é diretor dessa empresa?” “O quê? A beltraninha, aquela que fazia bullying comigo, tem a própria marca?” Você com certeza já perdeu horas na internet stalkeando o perfil dos outros, vendo como eles parecem tão felizes e realizados em suas fotos de família ou nos Alpes suíços.
Aquela sensação de competição bate, as inseguranças brotam, e você entra em uma espiral que parece não ter fim. Ao final disso tudo, você se sente cansado e péssimo.
Você deve estar pensando: “Meu Deus, Juliana Neeeves, é exatamente isso mesmo! Se o primeiro capítulo já tocou nessa ferida, imagina os próximos...” Calma lá! Eu trouxe alguns detalhes com palavras, mas Beth Evans traz palavras e desenhos fofinhos que tornam essa situação mais comum do que imaginamos. Se você parar para pensar, a grande maioria das pessoas faz a mesma coisa, elas só não saem por aí contando isso, não é mesmo?!
A cada história ou situação mencionada, a autora mostra a realidade de uma forma mais clara, diferente daquela que temos enquanto estamos passando por uma crise de ansiedade. Diante desse limbo de comparação, você pode parar e decidir criar sua própria definição de sucesso e progresso. Muitas dessas pessoas que você fuxicou nas redes sociais também já pararam no seu perfil, admiraram sua jornada, desejaram ter a vida que você tem e elogiaram sua aparência.
Agora, vamos falar de como lavar roupa como um adulto. Sério, se você esquece de tirar uma roupa colorida, já mancha todo o resto. Descobrir como ser adulto é um processo de tentativa e erro. Sejam as roupas para lavar, os impostos a declarar, os boletos a pagar, os dates estranhos que as amigas arranjam, a cobrança da sociedade ou da família, ser adulto é um misto de engole o choro, sorria e acene.
Você é legal, eu prometo! Fale sobre seus problemas, converse com seus amigos, familiares e busque um profissional para te ajudar a desmistificar todos esses pensamentos que você cria a seu respeito. Não tem problema se as coisas não melhorarem do dia para noite ou se tudo voltar alguns meses depois. Você vale o investimento, então cuide dos seus sentimentos, do seu coração e da sua saúde.
Talvez você pense que seja um livro meramente bobo ou algo meio adolescente. Mas confia em mim, vale a pena a pausa na correria da vida para ler algo que traz um quentinho para o coração e um sorrisinho para você mesmo em frente ao espelho. Você é uma criatura maravilhosa!
Fica a dica e boa leitura!
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