Resenha: A coragem de ser imperfeito

Resenha: A coragem de ser imperfeito

Por Brené Brown.

Numa bela noite de sexta-feira, enquanto navegava pelo catálogo de filmes da Netflix em busca de algo interessante para assistir, me deparei com o documentário "The Call to Courage", de Brené Brown. Não sei você, mas quando alguém diz "eu também", não me sinto tão diferente, esquisita ou a única a gostar ou fazer tal coisa. Foi esse sentimento que surgiu em mim ao assistir a este documentário tão incrível. Terminei de assistir e corri para a Amazon para comprar o livro!

Este livro é como um mapa, e Brené é a guia que vai te conduzir a desbravar esse universo da vulnerabilidade, ansiedade, ousadia, medo e vergonha. Com base em pesquisas extremamente consistentes e histórias que lembram um encontro descontraído com amigos, esse livro vai te ajudar a recalcular a rota e voltar com tudo para a estrada da vida.

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Se você é como eu, que luta contra o sentimento de fraqueza, engole o choro, busca a perfeição e resiste à vulnerabilidade, você precisa se acomodar confortavelmente para ler esta resenha e, em seguida, adquirir este livro. Juro, ao ler cada capítulo, parece que você está na cozinha com Brené Brown enquanto ela prepara o café.

Deixe-me começar dizendo: "ser perfeito" não existe na realidade humana; ninguém é "à prova de balas". É somente através da vulnerabilidade que a coragem de ousar a viver surge, e conseguimos lidar com as críticas e os julgamentos de forma mais leve e madura.

Tá, mas afinal, o que significa vulnerabilidade? A definição de vulnerabilidade se baseia nas seguintes ideias fundamentais:

  • Amor e aceitação são necessidades irredutíveis de todas as pessoas. Fomos concebidos para criar vínculos com os outros - isso é o que dá sentido e significado à nossa vida. A ausência de amor, de aceitação e de contato sempre leva ao sofrimento.
  • Pessoas plenas identificam a vulnerabilidade como um catalisador de coragem, compaixão e vínculos.

Pessoas plenas? Como assim? Uma pessoa plena cultiva a autenticidade e se liberta do que os outros pensam. Liberta-se da impotência, do sentimento de escassez e do medo do desconhecido, cultiva gratidão e alegria. Liberta-se da comparação, da indiferença e de “estar sempre no controle”. Cultiva risadas, música, dança, intuição e fé.

Tá parecendo papo de coach ou psicólogo, né? Calma, fica aqui comigo. Juro pra você que se te deu um desconforto é porque você realmente precisa ler algumas verdades sobre esse tema. Falo isso por experiência própria!

Foram doze anos de pesquisa, com estudos científicos e testes comprovados que revelam que quando fugimos de emoções como medo, mágoa e decepção, também nos fechamos para o amor, a aceitação e a criatividade. Sua pesquisa sobre vulnerabilidade foi pioneira e concluiu que fazemos uso de um verdadeiro arsenal contra a vergonha de nos expor e a sensação de não sermos bons o bastante. Mas há uma boa notícia: existem estratégias bem-sucedidas que nos ajudam a desarmar esses sentimentos.

“Só depois de 12 anos investigando cada vez mais fundo essa questão compreendi o papel que a vulnerabilidade desempenha em nossa vida. Ela é o âmago, o centro das experiências humanas significativas”. (Pág. 14)

Capítulo 1 - Escassez: Por dentro da cultura de não ser bom o bastante

Sabe aquela sensação de inadequação, de falta e comparação? Isso chama-se escassez, o problema de nunca ser ou ter o bastante. Neste primeiro capítulo, a autora traz com detalhes a fonte da escassez, sobre esses pensamentos de não suficiência que permeiam nossa mente e que passamos parte de nossas vidas, reclamando, nos preocupando com o que não temos em quantidade ou grau suficiente. Quem já leu minhas resenhas sabe que eu adoro um livro prático e que te coloca pra escrever ou fazer tarefas, e este não poderia ser diferente, pois Brené faz algumas perguntas que vão te ajudar nessa descoberta sobre pontos como vergonha, comparação e desmotivação.

Capítulo 2 - Derrubando os mitos da vulnerabilidade

Convenhamos, não é nada fácil ser vulnerável, pois ficamos completamente expostos, nus e assumimos um risco emocional muito grande. Mas já deixo bem claro que vulnerabilidade não tem nada a ver com fraqueza, e a partir desse ponto, que Brown começa a desmistificar os mitos a respeito deste tema.

Mito 1: “Vulnerabilidade é fraqueza”
Mito 2: “Vulnerabilidade não é comigo”
Mito 3: “Vulnerabilidade é expor totalmente a minha vida” (Sério, eu jurava que isso era muito verdade)
Mito 4: “Eu me garanto sozinho”

Meus amigos, este capítulo 2 quebra todos os nossos preconceitos sobre vulnerabilidade. Digo "nossos" porque juro que eu precisava reler este livro e ver que, de tempos em tempos, acabamos voltando aos padrões antigos. Somos como um computadorzinho que, em algum momento, precisa formatar ideias pré-estabelecidas, resetar e dar início a uma nova configuração.

“Nós não podemos aprender a ser mais vulneráveis e corajosos por conta própria. Muitas vezes nossa primeira e maior ousadia é pedir ajuda”. (Pág.44)

Capítulo 3 - Compreendendo e combatendo a vergonha

Lembro como se fosse hoje, o dia que cai no pátio da escola na hora do recreio, eu estava na quinta série. Enquanto corria e segurava um pastel de carne em uma mão e um copo de Laranjinha Água da Serra na outra, tropecei em uma lajota, deixando meu lanche cair no chão e sendo motivo de risadas de todos que estavam ao redor.Quem puxou a algazarra foi um rapaz da oitava série, chamado Paulo e conhecido como um “Zé encrenca”. Me levantei com um pedacinho do pastel que sobrou entre os dedos e fui com a mão e o joelho ralados para a sala de aula. Lá, chorei; a vergonha tinha me consumido por completo e eu não queria mais sair daquele lugar. Isso foi tão forte que levei muito tempo para voltar a correr, pois aquele sentimento de que eu ia tropeçar e cair ainda me assombrava.
Detalhe: Hoje eu corro; inclusive, já participei de duas corridas de rua de 5 km.

O capítulo 3 mexe com lembranças como essas que mencionei anteriormente. No entanto, se não nos reconciliarmos com nossa vergonha e conflitos, começaremos a acreditar que há algo de errado conosco, que somos defeituosos e, pior ainda, passaremos a agir de acordo com essa crença, perdendo a oportunidade de desfrutar de uma bela corrida, por exemplo.

Se desejamos ser pessoas mais agradáveis, viver de forma leve e plena, precisamos aprender a lidar com a vergonha. Então fique tranquilo, pois você aprenderá a descomplicar a vergonha, a culpa, a humilhação e o constrangimento.

Capítulo 4 - Arsenal contra a vulnerabilidade

Todos nós temos um arsenal de mecanismos de proteção em comum, máscaras e uma armadura feito sob medida que nos protegem contra a vulnerabilidade.

“Com as máscaras nos sentimos mais seguros, mesmo quando elas nos sufocam. Com as armaduras nos sentimos mais fortes, mesmo quando ficamos cansados de carregar tanto peso nas costas”. (Pág. 86)

Quando e como começamos a usar esses mecanismos de defesa? Com muito estudo e inúmeras pesquisas, Brené discorre sobre alguns escudos universais contra a vulnerabilidade, como o escudo da alegria como mau presságio, o escudo do perfeccionismo, entre tantos outros.

Capítulo 5 - Diminuindo a lacuna de valores: trabalhando as mudanças e fechando a fronteira da falta de motivação

Nesta sessão, mergulhamos no plano de ação, com estratégias que nos ajudarão a prestar atenção no espaço que separa o lugar onde estamos do lugar onde queremos estar e como a prática de virtudes é importante para estabelecer nossa visão de mundo. O conhecimento sobre acolher nossa vulnerabilidade e enfrentar a vergonha é valioso, pois seremos cobrados a dar respostas como líderes, pais, educadores e profissionais exemplares.

Capítulo 6 - Compromisso perturbador: Ousadia para reumanizar a educação e o trabalho

Precisamos concordar que conversas honestas sobre vulnerabilidade e vergonha são aterrorizantes. Não costumamos falar sobre isso no trabalho, pois nos sentimos expostos, como se uma lanterna estivesse apontada para nossos pontos obscuros. Mas todos nós desejamos viver com ousadia e, neste capítulo, você verá as possibilidades para compreender e colocar em prática, eliminando de uma vez por todas o padrão da escassez. Se você lidera uma equipe ou uma empresa, com certeza apreciará os pontos abordados, pois o instigarão a quebrar uma cultura de vergonha e culpa.

Capítulo 7 - Criando filhos plenos: Ousando ser o adulto que você quer que seus filhos sejam

"Ah, mas eu não quero ter filhos" - Calma, confia no processo e relaxa, este é o último capítulo e, mesmo que você não tenha interesse em constituir uma família, com certeza será um tio, uma tia, ou até mesmo madrinha ou padrinho. É tão gratificante quando você interage com uma criança, ensina algo a ela e a vê colocando em prática logo em seguida. Falo por experiência própria, já que sou tia de um menino de dois anos; gosto de ensiná-lo a pintar e contar histórias. Virou hábito ele chegar em casa e pedir para fazer essas atividades.

Vivemos na era do bullying e das redes sociais, e para aqueles que são pais, o desafio de criar filhos nessa cultura de escassez é imenso. É importante identificar nossas armaduras e ensinar nossos filhos e sobrinhos a não usá-las, a serem vulneráveis, a se mostrarem e a se permitirem ser vistos e conhecidos.

Não, infelizmente, não conseguiremos imunizar nossas crianças contra a vergonha de um tombo no meio do pátio da escola. Mas nossa missão é ensinar e aprimorar a resiliência, conversar sobre o que é a vergonha e assumir nossas histórias.

“Criar filhos que sejam esperançosos e que tenham a coragem de ser vulneráveis significa recuar da superproteção e deixá-los experimentar a decepção, lidar com os conflitos, aprender a se impor e ter a oportunidade de falhar. Se estivermos sempre seguindo nossos filhos na arena da vida, calando as críticas e assegurando sua vitória, eles nunca aprenderão por conta própria que têm a capacidade de viver com ousadia”. (Pág. 180)

Viver com ousadia não se trata de ganhar ou perder, mas sim de ter coragem. Num mundo onde a vergonha de ser um perdedor prevalece, a vulnerabilidade tornou-se incômoda e perigosa. No entanto, para que possamos amadurecer emocional e profissionalmente, é necessário sair da zona de conforto, deixar para trás as lembranças das risadas no pátio da escola e enfrentar o mundo lá fora, com coragem e ousadia para voltar a correr. Brené menciona uma citação de Roosevelt: "Não há esforço sem erros e decepções", e realmente não há vitória sem vulnerabilidade.

Fica a dica e boa leitura!


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