Lojas são obrigadas a selar livros na Hungria, mas alguns comerciantes preferem pagar multa
Desde que o governo húngaro aprovou uma nova lei, as livrarias do país estão obrigadas a selar livros que contenham histórias que incluam personagens LGBT+. A medida controversa tem como objetivo limitar o acesso a conteúdo considerado perigoso para menores de idade. No entanto, em vez de restringir o acesso aos livros, alguns indivíduos estão optando por ignorar a lei e pagar multas.
A lei, que entrou em vigor no início deste ano, determina que qualquer material que apresente conteúdo LGBT+ deve ser vendido em embalagens opacas, com avisos explícitos sobre seu conteúdo. A justificativa oficial é a proteção das crianças contra o que o governo descreve como "propaganda" LGBT+.
Livrarias em todo o país têm respondido de maneiras diferentes à nova regulamentação. Alguns seguiram estritamente as regras, utilizando embalagens opacas para os livros visados e posicionando-os em áreas específicas das lojas, longe do alcance de menores de idade. No entanto, há uma parcela significativa de comerciantes que, em um ato de resistência, decidiu não cumprir a determinação.
"Para mim, se trata de liberdade de expressão e de lutar contra a censura", afirma János Kovács, proprietário de uma livraria independente em Budapeste. "Esses livros não são nocivos. Pelo contrário, eles oferecem representatividade e promovem a aceitação. Optamos por não selar os livros e estamos dispostos a pagar a multa se necessário."
As multas impostas pelo não cumprimento da lei podem variar, mas em muitos
casos são consideráveis, o que representa um sacrifício financeiro significativo
para as pequenas livrarias. Mesmo assim, a resistência é forte entre os
comerciantes que veem a medida como um retrocesso nos direitos civis e na
liberdade cultural.
A legislação tem sido criticada por organizações de direitos humanos e por
membros da comunidade LGBT+ dentro e fora da Hungria. O Parlamento
Europeu também expressou preocupações, considerando a lei uma violação
dos valores da União Europeia, especialmente no que diz respeito à igualdade
e aos direitos humanos.
Enquanto o debate continua, muitos leitores estão demonstrando apoio às
livrarias que decidiram desafiar a lei. "Eu venho aqui para comprar exatamente
esses livros que estão tentando esconder", diz Anna Molnár, frequentadora
assídua de uma das livrarias que se recusam a selar os livros. "É uma forma de
mostrar que não vamos nos deixar silenciar."
A situação atual na Hungria em relação à selagem dos livros LGBT+ é incerto e reflete as tensões políticas mais amplas em torno dos direitos na nação. Leitores, livrarias e ativistas lutam para liberar e compartilhar literatura sem censura na Hungria. Eles também lutam por uma Hungria livre e inclusiva.