5 Livros de Fiódor Dostoiévski para você conhecer

5 Livros de Fiódor Dostoiévski para você conhecer

Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, nascido em Moscou em 1821 é por muitos considerado um dos maiores pensadores e romancistas da história.

Considerado também o pai do realismo literário por retratar em suas obras tragédias humanas, questões relacionadas ao sofrimento, angústias da vida e a situação social das camadas mais pobres da sociedade da época. Do mesmo modo, sendo conhecido pelo seu aprofundamento psicológico e por expressar conflitos existenciais de seus personagens.

Dostoiévski teve uma vida difícil desde a sua infância até seus dias finais. Proveniente de uma família pobre, sua mãe era dona de casa e seu pai era médico - naquela época a profissão não tinha o grande prestígio dos tempos atuais -, enfrentou dificuldades financeiras por toda vida. Perdeu a mãe em 1837 vítima de tuberculose, decide mudar-se para St. Petersburgo para estudar engenharia e em 1839 tem seu pai morto, assassinado por seus criados.

Após formar-se, começa a trabalhar para a escola Militar e publica seu primeiro livro, Gente pobre (1846), que foi muito bem aceito pela crítica. Decide romper com o exército e dedicar-se apenas à literatura. Tem uma aproximação muito forte com ideias esquerdistas em uma Rússia controlada por Czares. É preso e condenado à morte sob acusação de conspiração para assassinato do Czar Nicolau I. No dia de sua execução tem a pena perdoada em troca de exílio e trabalho forçados na Sibéria, onde cumpre pena por 4 anos e passa mais 4 prestando serviços militares, experiência retratada na obra Recordações da casa dos mortos (1862).

Em seu período pós exílio na Sibéria, continua passando por dramas familiares, perde o irmão, a primeira mulher e ainda tem a falência de sua editoria declarada. Viaja para Europa Ocidental para fugir de credores e acaba se envolvendo e viciado em jogos de azar, decide voltar para Rússia onde vive até morrer em 1881 poucos anos depois de ter escrito o que para muitos é considerada a sua obra prima, Os irmãos Karamazov (1879).

Em seguida desse breve relato biográfico do autor, apresentamos aqui as 5 obras que consideramos como indispensáveis para sua estante. Leia e desfrute.

Os Irmãos Karamazov

Último romance de Dostoiévski, é aclamado como sua obra-prima e uma das grandes contribuições para a literatura universal. Este marco literário não apenas influenciou pensadores como Nietzsche e Freud, mas também gerou impacto em sucessivas gerações de escritores ao redor do mundo. Na trama, Dostoiévski sintetiza sua criatividade, explorando profundamente questões existenciais que o atormentaram ao longo da vida, destacando a degradação moral da humanidade distante dos ideais cristãos. A história, repleta de reviravoltas, concentra-se em três protagonistas irmãos - o libertino Dmitri, o niilista Ivan e o sublime Aliocha - cada um representando aspectos diversos da realidade russa. Através de suas jornadas, o autor busca iluminar as profundezas do coração humano, seja este entregue ao pecado, corroído por dúvidas ou transbordando de amor. Esta obra magistral continua a cativar leitores com sua exploração da complexidade da alma humana e sua rica tapeçaria de temas universais.

Crime e Castigo

A obra mais célebre de Fiódor Dostoiévski, é um marco na literatura mundial desde sua publicação em 1866. O protagonista, Raskólnikov, um estudante jovem, pobre e desesperado, perambula pelas ruas de São Petersburgo até cometer um crime que tenta justificar por uma teoria: grandes homens, como César ou Napoleão, foram assassinos absolvidos pela História. Este ato desencadeia uma narrativa intricada que arrasta o leitor por becos sombrios, tabernas e pequenos cômodos, povoados por personagens em luta pela preservação de sua dignidade contra as várias formas de tirania. "Crime e Castigo" é um daqueles romances universais que, nascidos durante o romântico século XIX, pavimentaram o caminho para o trágico realismo literário dos tempos modernos. Ao narrar a história sombria de um assassino em busca de redenção e ressurreição espiritual, Dostoiévski mergulha nas mais profundas nuances da psicologia humana, criando uma obra de imenso valor artístico, reverenciada em todo o mundo. O efeito fascinante que a leitura proporciona - angústia, revolta e compaixão renovadas a cada página, culminando em um desfecho catártico - ecoa os dramas monumentais da Grécia Antiga, tornando esta obra uma experiência literária verdadeiramente transcendental.

Noites brancas

O livro mais romântico de Dostoiévski, apresenta o encontro entre uma jovem desiludida e um sonhador durante um período especial do ano em São Petersburgo. No cenário misterioso da capital do Império Russo do século XIX, o autor tece uma história envolvente em torno das "noites brancas", um fenômeno natural em que a noite não escurece durante quatro dias consecutivos no verão. É nesse momento singular que um homem sonhador e solitário vagueia pela cidade, perdido em devaneios e reflexões. Seu encontro com Nástienka, uma jovem melancólica com o coração partido, desencadeia uma conexão profunda entre os personagens, dando ao sonhador a esperança de que coisas extraordinárias podem acontecer em sua vida. Ao explorar temas de amor, solidão e esperança, Dostoiévski cria uma narrativa cativante que ecoa os suspiros românticos das noites sem fim, capturando a imaginação dos leitores com sua prosa poética e emocionante.

Recordações da casa dos mortos

O livro é fruto de sua experiência marcante na Sibéria, onde cumpriu pena após ser condenado à morte por sua participação no Círculo de Pietrachévski. O período na prisão de Omsk e posterior serviço como soldado raso em Semipalátinsk proporcionou ao escritor um contato direto com a dura realidade dos prisioneiros comuns, desconstruindo sua imagem idealizada do povo russo influenciada pelos socialistas utópicos. Publicado entre 1860 e 1862, o livro é um registro antropológico da vida e dos costumes dos presos, mas vai além, adentrando profundamente na psicologia humana. Essa imersão nas complexidades do ser humano, presente em toda a obra de Dostoiévski, foi moldada por sua vivência na Sibéria e serviu como matéria-prima para seus romances posteriores. "Escritos da Casa Morta" não apenas oferece um retrato vívido do sistema penal russo da época, mas também revela as profundezas da alma humana, proporcionando ao leitor uma experiência literária profunda e comovente.

O Jogador

Primoroso romance de Dostoiévski, transcende os limites do mero entretenimento ao explorar profundamente aspectos psicológicos. Ambientado no cenário dos cassinos, o livro revela a desoladora queda de um jovem culto e talentoso, consumido pela obsessão doentia pelo jogo, que gradualmente subjuga e destrói sua alma. O protagonista, refletindo traços do próprio autor, testemunha a dilapidação de sua riqueza espiritual - dignidade, força de caráter e honra - diante da roleta viciante. Mesmo o amor, sua única fonte de felicidade e esperança, sucumbe ao turbilhão. Dostoiévski retrata os vícios humanos, seja no jogo como neste romance, ou nas drogas na nossa realidade contemporânea, como forças avassaladoras que ainda desafiam a extirpação completa. Essa temática continua a ressoar com os leitores modernos, tornando "O Jogador" uma leitura intrigante e relevante até os dias de hoje.

Confira abaixo a resenha do livro.👇

Resenha: O Jogador | Fiódor Dostoiévski
Vemos no decorrer da obra um relato contemporâneo da condição social da Europa e uma crítica muito forte aos costumes ocidentais, que são recu...

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